Agressividade Patológica

A agressividade patológica pode ser dividida em dois tipos: a premeditada e a impulsiva. A agressividade premeditada se caracteriza pelo planejamento prévio do ato agressivo e classicamente está associada ao Transtorno de Personalidade Antissocial. São aquelas pessoas que desde a infância já apresentam atitudes agressivas, como a de mal tratar animais, destruir objetos de outros, mentir, roubar, etc. Não se sabe exatamente a causa este transtorno. Estima-se que ele esteja presente em torno de 3% da população e que há um somatório da genética com fatores do meio ambiente. Sabe-se, contudo, que é dificilmente tratável. Diferentemente, a agressividade impulsiva se caracteriza por explosões agressivas não planejadas seguidas geralmente pelos sentimentos de culpa, remorso e tristeza. Quando muito frequente é denominada de Transtorno Agressivo Intermitente e costuma trazer problemas nos relacionamentos, envolvimento com a polícia e perdas financeiras. Em momentos da vida em que o sujeito está passando por mais estresse, as manifestações agressivas costumam se acentuar. Nos estados Unidos, estima-se que 5 a 7% da população sejam portadoras deste transtorno e a maioria não busca tratamento. As melhores abordagens terapêuticas combinam psicoterapia e medicação.

Levando-se em consideração o que foi exposto acima, pode-se entender porque em momentos como este que estamos vivendo em nosso país, em que a insegurança é alta e as pessoas se sentem ameaçadas ao sair na rua, assomado ao estresse das dificuldades econômicas pelo qual estamos passando, há um aumento das manifestações agressivas em geral, com pessoas até então pacíficas se envolvendo em linchamentos ou reagindo agressivamente aos assaltos.

Fobias Específicas

A palavra fobia vem do grego, phobos, que significa medo. Assim, a fobia específica, antigamente denominada fobia simples, é o medo muito intenso em relação a um objeto, animal ou situação. O fóbico, quando na presença do objeto ou situação fóbica, sente uma ansiedade muito grande acompanhada de sensações físicas, como dificuldade para respirar, coração acelerado, suor, tremor além de outros. Como consequência desta ansiedade, desenvolve-se uma evitação de qualquer situação na qual a pessoa possa ter contato com o objeto/situação fóbica. A fobia é percebida como sem sentido e o medo é visto como exagerado, mas o fóbico não consegue controlar sua ansiedade.

Dependendo da situação que desencadeia o medo, a fobia pode ter um nome específico. Por exemplo: medo de lugares abertos, agorafobia; medo lugares fechados, claustrofobia. Fobias bastante frequentes são as de sangue, animais peçonhentos como aranhas ou cobras e insetos.

Durante muitos anos, tratou-se a fobia com terapia de orientação analítica, onde o objetivo era encontrar o fator inconsciente relacionado ao medo. O resultado desta abordagem terapêutica se mostrou pouco eficaz sendo substituída pela terapia comportamental. Esta abordagem terapêutica se baseia na premissa de que o medo é o resultado de um aprendizado equivocado que leva nosso cérebro a identificar um objeto ou situação como perigosa mesmo sendo inócua, isto é, segura. Frente a esta premissa, à medida que o fóbico vai se expondo ao estímulo desencadeador de medo, este vai se tornando cada vez menos intenso, num mecanismo adaptativo, já comprovado, de dessensibilização. A exposição deve ser feita de forma sistemática e gradual, com o auxilio de um terapeuta treinado. Esta terapia traz resultados rápidos e duradouros. Apesar do mito de que a dessensibilização apenas trocaria o medo de um estímulo para outro, isto é, o fóbico deixaria de ter medo de baratas, por exemplo, e passaria a ter medo de aranhas, isto nunca foi comprovado cientificamente.

Transtorno do Pânico

Pânico é uma crise aguda de ansiedade que se inicia de forma abrupta, sem qualquer fator desencadeante. As características principais da crise do pânico são:

  1. sensação de sufocamento ou de que o ar não entra nos pulmões;
  2. medo de morrer;
  3. tontura;
  4. formigamento das mãos e/ou braços;
  5. enjôo;
  6. aceleração dos batimentos cardíacos;
  7. sensação de que vai desmaiar.

Normalmente o pânico ocorre quando a  pessoa está passando por um período mais estressante ou sob estresse, mas também pode ocorrer em qualquer momento da vida. Pode, inclusive, ocorrer à noite, durante o sono. Devido aos intensos sintomas físicos na crise, normalmente o indivíduo procura atendimento num clínico geral ou cardiologista, não sendo constatada qualquer alteração física.  Após um primeiro episódio de pânico, o receio de que outra crise ocorra pode se tornar persistente, levando  o indivíduo  a controlar quaisquer alterações no seu funcionamento  corporal. Um aumento da frequência cardíaca ou falta de ar, mesmo em situações nas quais seriam  normais, como na atividade física, pode ser confundido como uma ameaça de nova crise. Em alguns casos, este receio é tão intenso que leva  o indivíduo a evitar atividades que desencadeiem estas sensações. Locais mais fechados, como shoppings com muita gente, também podem despertar o medo.  A associação entre a crise e o local onde ela ocorreu pode acarretar numa evitação deste local. Por exemplo, alguém que teve uma crise de pânico num elevador pode se sentir ansiosa ao entrar novamente num elevador, passando a evitá-lo.

Geralmente o pânico se manifesta por apenas uma crise seguida de sensações de ansiedade de menor intensidade, confundidas como novas crises de pânico. Contudo, em alguns casos, as crises podem se tornar frequentes, levando o sujeito a um grande sofrimento.

Atualmente sabe-se que este transtorno tem uma causa biológica cerebral e por isto, o tratamento medicamentoso é necessário para a garantia de que novas crises não irão ocorrer. No caso de permanecer uma conduta muito evitativa, um medo persistente de nova crise ou um controle excessivo das sensações corporais, a terapia cognitivo-comportamental está indicada.

Síndrome das Pernas Inquietas

A síndrome das Pernas Inquietas é um transtorno que se caracteriza por uma sensação desagradável nos membros inferiores, gerando a necessidade de movimentá-los. É uma sensação de urgência ou vontade irresistível de mover as pernas. Em geral, aparece ou piora à noite e durante períodos de repouso. Esta sensação cede ou se atenua com o movimento, caminhando ou alongando a musculatura envolvida. É comum haver história familiar, outros membros da família com o mesmo transtorno. O exame físico e clínico das pessoas com esta síndrome não detecta nenhuma anormalidade. Contudo, é frequente a queixa de insônia. Muitas das pessoas acometidas pela síndrome das pernas inquietas não se dão conta de que tem uma doença e acabam não procurando ajuda médica. O tratamento geralmente inclui uso de medicações associado à psicoterapia e costuma ter bons resultados.

Antidepressivos

O tratamento da depressão mudou completamente após a descoberta dos antidepressivos. Os mais antigos, como, por exemplo, a amitriptilina e o tofranil, são muito eficazes, mas apresentam, porém, vários efeitos indesejáveis que podem limitar o seu uso. Os antidepressivos mais modernos, além de um resultado semelhante aos anteriores no tratamento dos sintomas depressivos, têm menos efeitos colaterais. A maioria deles fazem parte de 3 grandes grupos: os Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina, chamados IRSS, os Inibidores de Recaptação de Serotonina e Noradrenalina, chamados de duais, e os que agem predominantemente bloqueando a recaptação de dopamina. A escolha de qual deles será utilizado dependerá do tipo de sintomas e da história do paciente. Às vezes, pode-se associar mais de um tipo para se obter uma melhor resposta. Como os efeitos antidepressivos dependem de uma adaptação do cérebro ao efeito da medicação, pode levar de 1 a 4 semanas para se perceber alguma resposta. Uma vez obtida remissão dos sintomas, a medicação não deve ser retirada antes de um ano a fim de diminuir os riscos de recaída. No caso da depressão já ser de longa data, com vários períodos de melhora e piora, pode ser necessário o uso para toda a vida. Até o momento, não existe nenhum trabalho que tenha comprovado qualquer efeito adverso ou negativo com o uso continuado destes fármacos.

Anorexia Nervosa

A Anorexia Nervosa é um transtorno mental que se caracteriza por um medo intenso de engordar. Este medo leva a um comportamento persistente para perder peso, como dietas rígidas e/ou exercícios físicos exagerados, mesmo estando o peso normal. Além disto, o indivíduo tem uma distorção no modo como olha o próprio corpo ou avalia seu peso, achando-se sempre gordo. A anorexia apresenta-se de duas formas diferentes: o tipo  mais restritivo, onde predominam dietas rígidas e jejuns prolongados ou o  tipo mais purgativo, onde ocorrem episódios de compulsão alimentar seguidos de comportamentos compensatórios para não engordar. É mais frequente em mulheres e geralmente inicia no final da adolescência ou início da vida adulta.

O exemplo mais comum na anorexia é o da adolescente que inicia uma dieta com o objetivo de emagrecer. Na medida em que vai perdendo peso vai surgindo cada vez mais a necessidade de ficar  magra juntamente com um receio muito grande de voltar a engordar. Mesmo atingindo o peso desejado inicialmente, a adolescente ainda se acha gorda e continua fazendo dieta. Não consegue perceber o quanto já está magra, mesmo quando pessoas próximas falam.  Costuma associar exercícios físicos intensos para obter mais resultados. Em determinados momentos, pode ocorrer uma perda de controle levando a um consumo muito grande de alimentos em pouco tempo, seguido de culpa e medo de engordar. Para aliviar a culpa e o medo, a adolescente recorre a métodos purgativos (formas de eliminar o que comeu), como indução de vômito ou  uso de medicações, geralmente laxantes. O peso ideal nunca é atingido devido à distorção da imagem corporal, achando-se sempre gorda, mesmo quando está esquelética. Qualquer tentativa dos familiares fazê-la comer gera muita irritação e quando come imediatamente utiliza métodos para perder peso.

Frequentemente se acompanha humor deprimido, muita ansiedade e isolamento social. Se não tratada, a anorexia pode levar à morte por infecções secundárias resultante da baixa imunidade gerada pela magreza. O tratamento costuma ser multidisciplinar, isto é, com o auxílio de vários especialistas, como psiquiatra, clínico geral e nutricionista. O uso de medicação também é importante.

Distimia

Distimia é uma palavra que vem do grego e significa “mal humorado”. É um transtorno crônico que se caracteriza pela presença de humor deprimido, na maior parte do dia por pelo menos dois anos consecutivos. Frequentemente estão associadas outras características como alterações do sono, baixa autoestima, baixa energia, concentração diminuída e dificuldade de tomar decisões. A incidência da Distimia na população em geral é em torno de 3%.   Pode iniciar na infância e frequentemente leva a prejuízos na vida escolar, profissional e social. Antigamente a distimia era conhecida como neurose depressiva, depressão neurótica, neurastenia, melancolia e já foi considerada como um transtorno de personalidade devido ao longo curso da doença. A pessoa “acha que ela é assim” e não percebe que está doente. A distima predispõe ao aparecimento de outros transtornos, como pânico, depressão maior ou TOC.

As causas deste transtorno não estão totalmente esclarecidas, mas sabe-se que participam fatores biológicos e psicossociais. Geralmente encontra-se na família do distímico familiares também com distima e com depressão.

Para o tratamento, obtém-se melhor resultado com a associação de psicoterapia e medicação. As medicações são as mesmas utilizadas para tratamento da depressão, contudo, pode-se pensar que, como é um transtorno cujos sintomas são mais leves, o tratamento é mais rápido e fácil. Pelo contrário, sabe-se que a resposta às medicações geralmente ocorrem com doses mais altas e dependem do uso continuado das mesmas por até um mês para se avaliar a resposta.

Anos de distimia condicionam uma maneira depressiva de viver.