Problemas quando se pensa em emagrecer

Quando alguém decide emagrecer, pensa imediatamente em fazer uma dieta. Com exceção dos obesos e de casos onde o sobrepeso está trazendo algum problema clínico (pressão alta, diabetes) e existe uma necessidade de emagrecer rápido, para os demais a perda deveria ser lenta e constante. Mas a maioria quer se livrar daqueles quilos que adquiriu ao longo de vários anos em alguns meses. Querem resultados rápidos. Jogam-se numa dieta, às vezes a da moda, bastante restritivas, chegando a passar fome. Ou regimes rígidos contando os gramas e calorias de tudo o que come. O início vai bem e o resultado é estimulante. Mas e depois? Por quanto tempo a pessoa consegue manter esta dieta? O que fazer quando atingiu sua meta e alcançou o peso desejado? Voltar a comer como antes e adquirir tudo de novo? Ou quem sabe passar a vida toda “em dieta”.

Quando o assunto é perder peso, pensa-se  na comida. Quanto e o que comer. Porém, muito pouco se pensa em “como comer”.  Quais são os hábitos alimentares, a cultura do indivíduo e qual sua ligação com a comida. Como esta pessoa se relaciona com o alimento. Será que comer não é uma forma de se acalmar? Ou ficar menos deprimido? Ou afundar as mágoas? Ou apenas passar o tempo? Se alguma destas situações for verdade, a dieta não levará em conta isto, e provavelmente não durará. Também, se não pensarmos nestes aspectos acima citados, eles não serão tratados e o que acontecerá? O que fazer com a ansiedade, ou depressão, ou tédio, ou mágoa? Outro aspecto que não se considera inicialmente é a gula. Gula não é fome. Gula é uma vontade muito intensa de comer algo, especialmente doce. Ou a vontade muito grande de comer mais do que precisa. Como controlar a gula?

Comer é um processo que se aprende desde que nascemos. Os hábitos alimentares da nossa família de origem, suas crenças em relação à comida e o significado que davam para o comer, nos é passado muito precocemente. Assim, desde cedo aprendemos a nos relacionar com a comida e dar a ela um significado e um valor. Quanto mais importante comer se torna mais difícil será abrir mão deste prazer. Mais complicado será substituí-lo por outro e mais demorado será aprender a aproveitar o máximo do pouco que se deve comer. Pouco porque o ser humano, com o passar dos anos, precisa comer cada vez menos para viver, até porque a maioria dos nossos alimentos, especialmente os mais gostosos, já contém muitas calorias. Por outro lado, o acesso à comida é rápido e fácil, e comer nos dá muita satisfação. Talvez este seja o grande castigo que a “modernidade” nos trouxe: uma grande oferta de  alimentos cada vez mais bonitos, gostosos e baratos que por sua vez menos podemos comer.

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Insônia

Todos nós sabemos o que é insônia: é a dificuldade de dormir ou dormir mal. Entretanto, poucos sabem que a insônia é um dos transtornos do sono mais comuns na população em geral. Ela pode ser classificada de três formas diferentes:

  1. Pela incapacidade de iniciar o sono, que se chama insônia de conciliação;
  2. Pela dificuldade em manter o sono, que é a insônia de manutenção;
  3. Pelo tempo insuficiente de dormir, causado pelo despertar precoce.

A falta de sono ou a má qualidade dele irá se refletir no dia seguinte, com a presença de irritação, dificuldade de concentração e memória, fadiga e sonolência.

Chamamos de “insônia crônica primária” aquela que não tem relação com  nenhuma   doença ou nenhum fator externo seja a sua causa. Afeta de 10 a 25% da população, porém normalmente estas pessoas não buscam auxílio especializado, convivendo com este problema por anos ou fazendo uso de medicações por conta própria.

A chamada “insônia secundária” é mais comum e está, em geral, associada a diversos transtornos psiquiátricos e/ou mentais, como depressão, ansiedade, abuso de álcool e drogas.

Fatores externos afetam consideravelmente a qualidade do sono. Assim, hábitos ruins podem ser a causa da má qualidade do sono. Dormir em horários irregulares, fazer cochilos prolongados durante o dia, usar substâncias estimulantes, como café, coca-cola, chimarrão, chá preto, próximo à hora de dormir, ter um ambiente inadequado para o sono com luz e/ou muito ruído, e assim por diante. Na medida em que as primeiras noites de insônia ocorrem, o indivíduo começa a ficar receoso de que não irá dormir bem na próxima noite. Esta apreensão e receio de que não irá dormir contribuirá para que realmente ocorra uma dificuldade para iniciar o sono, criando uma crença de que “dormir é difícil”. Este aspecto emocional na hora de deitar pode ser determinante para a demora em iniciar o sono.

A primeira abordagem terapêutica para a insônia é a mudança de hábitos, o que se chama “higiene do sono”. É a modificação de todos os fatores que possam estar contribuindo para a mesma associada a algumas técnicas de controle da ansiedade antecipatória na hora de deitar. Também é necessário avaliar outras doenças, tanto físicas como mentais, que possam estar dificultado o sono. Frequentemente, ao tratá-las, a insônia se resolve.

O uso de hipnóticos, isto é, medicações que induzem o sono, podem ser úteis no início do tratamento. Contudo, o uso continuado destes remédios pode causar dependência. Após um tempo continuado de uso (alguns meses), a medicação vai lentamente perdendo seu efeito de induzir o sono e a pessoa acaba tendo que aumentar a dose. Por fim, mesmo com a dose mais alta, o efeito não é mais o mesmo daquele obtido no início do uso. Quando isto ocorre, a retirada da medicação causa mais insônia ainda, ficando a pessoa refém do uso de um remédio que não ajuda mais. Além disto, estas medicações interferem na capacidade de memória. Especialmente idosos não devem fazer uso das mesmas sem acompanhamento médico.