Por quanto tempo usar um antidepressivo?

Muito frequentemente pessoas que vem usando antidepressivos por muitos anos se perguntam: será que ainda preciso usar esta medicação?

A depressão é uma doença crônica, sendo que seu portador possui uma pré-disposição a tê-la em qualquer momento da sua vida. A necessidade de usar um antidepressivo após vários anos de tratamento vai depender de fatores específicos para cada caso. O que se observa é que, nos casos em que a pessoa está no seu primeiro tratamento e é a sua primeira manifestação da depressão, quer dizer, não existe história passada de depressões (tratadas ou não), pode-se pensar na retirada do antidepressivo após 12 a 18 meses de uso. Contudo, este tempo deve ser contado a partir do momento em que a pessoa atingiu a melhora completa dos seus sintomas. Assim, depois da resposta ao antidepressivo, o que pode levar, às vezes, alguns meses, é que se começa a contar os 12 ou 18 meses. No caso de já ser a segunda manifestação, se já houve no passado outra crise depressiva, recomenda-se o uso da medicação por 5 anos. Por fim, da terceira crise em diante, a recomendação é de se manter a medicação para o resto da vida. Em que se baseiam estes dados? Estes dados vêm do acompanhamento de pacientes em uso destes medicamentos há vários anos, observando a recaída, isto é, o retorno dos sintomas depressivos, após a interrupção. Assim, se estatisticamente a chance de haver uma recaída se torna pequena vale a pena retirar do remédio. Quando esta chance é grande, melhor é mantê-lo. De modo geral, o que se observa é que quanto mais prolongado o uso, menor é a possibilidade de retorno dos sintomas.

A piora após a suspensão do antidepressivo não costuma ser imediata. Assim, como leva de 1 a 3 semanas para que os efeitos benéficos do antidepressivo se iniciem, assim também será a piora após a suspensão. Ela pode ocorrer após várias semanas ou meses. Como esta piora é lenta, a pessoa costuma não perceber que está adoecendo novamente, e acaba só procurando auxílio quando a depressão já está bastante acentuada.

Esquizofrenia

A esquizofrenia é uma doença mental bastante grave. Costuma aparecer no final da adolescência ou início da vida adulta, porém acomete também crianças e mais raramente idosos. Em alguns casos, o fator desencadeante do início dos sintomas é o uso de drogas. A esquizofrenia se caracteriza pelo comprometimento de vários aspectos da pessoa: humor, pensamento, senso-percepção e consequentemente seu comportamento. A variabilidade de humor que costuma aparecer principalmente na fase inicial da doença, pode levar a um diagnóstico inicial de transtorno de humor. Contudo, com o passar do tempo, observa-se o comprometimento do pensamento, com o aparecimento de idéias persecutórias, como estar sendo perseguido, vigiado, enganado, etc. A isso se soma a interpretação distorcida da realidade juntamente com alucinações auditivas e/ou visuais (ver e/ou ouvir coisas que não existem). Estes sintomas acarretam num comportamento estranho, com evitação do contato com outras pessoas, medos irracionais, às vezes agressividade ou mudanças bruscas de humor. Uma vez que tanto o pensamento quanto a senso-percepção e o humor estão alterados, a apresentação clínica da esquizofrenia é bastante variada. Assim, o acompanhamento do doente por um período mais longo de tempo é necessário para a certeza diagnóstica. O tratamento se baseia no uso de medicações, usualmente mais de um tipo. Mesmo com a melhora, sintomas residuais normalmente permanecem, dificultando o convívio social e a vida profissional.

Como se apresenta o Transtorno de Humor Bipolar

O Transtorno de Humor Bipolar (THB) é uma doença psiquiátrica caracterizada pela presença de episódios depressivos e maníacos intercalados.  A característica do episódio depressivo do THB é semelhante à depressão do Transtorno Depressivo, isto é, predomínio de humor triste, falta de ânimo, perda de interesse pela maioria das atividades diárias (ver características da depressão em outro item) entre outros. A depressão pode ser acentuada, com sintomas psicóticos ou risco de suicídio. O episódio maníaco caracteriza-se por um humor persistentemente elevado, eufórico ou irritável. Há um aumento de energia com aumento da atividade e necessidade reduzida de sono. A pessoa interage socialmente de forma expansiva, às vezes exagerada, falando muito. Pode gastar em excesso e apresentar comportamento sedutor inadequado. Este comportamento geralmente acarreta em prejuízo nas relações sociais, familiares e profissionais, colocando a pessoa em risco de ser demitida, de se envolver em problemas legais ou realizar compras além de suas posses. A fase maníaca do THB pode ser sutil, com sintomas bastante atenuados. A pessoa diz sentir-se bem, feliz, trabalhando ativamente e com muitas atividades. Normalmente são os familiares ou pessoas mais próximas que percebem o exagero ou que a pessoa não está no “seu normal”. Em casos mais graves, a mania pode se acompanhar de sintomas psicóticos, com ideias delirantes (achar-se Deus ou muito poderoso) ou alucinações auditivas e visuais. Nestes casos, a necessidade de internação aumenta.

Geralmente o THB inicia-se pelo episódio depressivo, ou pelo menos é a depressão que leva a pessoa a procurar ajuda profissional.  Na investigação da história passada de uma pessoa com depressão, deve-se sempre buscar a ocorrência de algum episódio maníaco prévio. Episódios maníacos leves, chamados hipomaníacos, podem passar despercebidos, por serem pouco sintomáticos e quase não trazerem prejuízos. Por isto, uma avaliação criteriosa e profunda sempre se faz necessária ao se tratar uma pessoa deprimida para não confundir o episódio depressivo de um Transtorno de Humor Bipolar com uma Depressão Maior. A evolução destes dois transtornos é bastante diferente, exigindo tratamento distinto.