Antidepressivos

O tratamento da depressão mudou completamente após a descoberta dos antidepressivos. Os mais antigos, como, por exemplo, a amitriptilina e o tofranil, são muito eficazes, mas apresentam, porém, vários efeitos indesejáveis que podem limitar o seu uso. Os antidepressivos mais modernos, além de um resultado semelhante aos anteriores no tratamento dos sintomas depressivos, têm menos efeitos colaterais. A maioria deles fazem parte de 3 grandes grupos: os Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina, chamados IRSS, os Inibidores de Recaptação de Serotonina e Noradrenalina, chamados de duais, e os que agem predominantemente bloqueando a recaptação de dopamina. A escolha de qual deles será utilizado dependerá do tipo de sintomas e da história do paciente. Às vezes, pode-se associar mais de um tipo para se obter uma melhor resposta. Como os efeitos antidepressivos dependem de uma adaptação do cérebro ao efeito da medicação, pode levar de 1 a 4 semanas para se perceber alguma resposta. Uma vez obtida remissão dos sintomas, a medicação não deve ser retirada antes de um ano a fim de diminuir os riscos de recaída. No caso da depressão já ser de longa data, com vários períodos de melhora e piora, pode ser necessário o uso para toda a vida. Até o momento, não existe nenhum trabalho que tenha comprovado qualquer efeito adverso ou negativo com o uso continuado destes fármacos.

Anorexia Nervosa

A Anorexia Nervosa é um transtorno mental que se caracteriza por um medo intenso de engordar. Este medo leva a um comportamento persistente para perder peso, como dietas rígidas e/ou exercícios físicos exagerados, mesmo estando o peso normal. Além disto, o indivíduo tem uma distorção no modo como olha o próprio corpo ou avalia seu peso, achando-se sempre gordo. A anorexia apresenta-se de duas formas diferentes: o tipo  mais restritivo, onde predominam dietas rígidas e jejuns prolongados ou o  tipo mais purgativo, onde ocorrem episódios de compulsão alimentar seguidos de comportamentos compensatórios para não engordar. É mais frequente em mulheres e geralmente inicia no final da adolescência ou início da vida adulta.

O exemplo mais comum na anorexia é o da adolescente que inicia uma dieta com o objetivo de emagrecer. Na medida em que vai perdendo peso vai surgindo cada vez mais a necessidade de ficar  magra juntamente com um receio muito grande de voltar a engordar. Mesmo atingindo o peso desejado inicialmente, a adolescente ainda se acha gorda e continua fazendo dieta. Não consegue perceber o quanto já está magra, mesmo quando pessoas próximas falam.  Costuma associar exercícios físicos intensos para obter mais resultados. Em determinados momentos, pode ocorrer uma perda de controle levando a um consumo muito grande de alimentos em pouco tempo, seguido de culpa e medo de engordar. Para aliviar a culpa e o medo, a adolescente recorre a métodos purgativos (formas de eliminar o que comeu), como indução de vômito ou  uso de medicações, geralmente laxantes. O peso ideal nunca é atingido devido à distorção da imagem corporal, achando-se sempre gorda, mesmo quando está esquelética. Qualquer tentativa dos familiares fazê-la comer gera muita irritação e quando come imediatamente utiliza métodos para perder peso.

Frequentemente se acompanha humor deprimido, muita ansiedade e isolamento social. Se não tratada, a anorexia pode levar à morte por infecções secundárias resultante da baixa imunidade gerada pela magreza. O tratamento costuma ser multidisciplinar, isto é, com o auxílio de vários especialistas, como psiquiatra, clínico geral e nutricionista. O uso de medicação também é importante.

Distimia

Distimia é uma palavra que vem do grego e significa “mal humorado”. É um transtorno crônico que se caracteriza pela presença de humor deprimido, na maior parte do dia por pelo menos dois anos consecutivos. Frequentemente estão associadas outras características como alterações do sono, baixa autoestima, baixa energia, concentração diminuída e dificuldade de tomar decisões. A incidência da Distimia na população em geral é em torno de 3%.   Pode iniciar na infância e frequentemente leva a prejuízos na vida escolar, profissional e social. Antigamente a distimia era conhecida como neurose depressiva, depressão neurótica, neurastenia, melancolia e já foi considerada como um transtorno de personalidade devido ao longo curso da doença. A pessoa “acha que ela é assim” e não percebe que está doente. A distima predispõe ao aparecimento de outros transtornos, como pânico, depressão maior ou TOC.

As causas deste transtorno não estão totalmente esclarecidas, mas sabe-se que participam fatores biológicos e psicossociais. Geralmente encontra-se na família do distímico familiares também com distima e com depressão.

Para o tratamento, obtém-se melhor resultado com a associação de psicoterapia e medicação. As medicações são as mesmas utilizadas para tratamento da depressão, contudo, pode-se pensar que, como é um transtorno cujos sintomas são mais leves, o tratamento é mais rápido e fácil. Pelo contrário, sabe-se que a resposta às medicações geralmente ocorrem com doses mais altas e dependem do uso continuado das mesmas por até um mês para se avaliar a resposta.

Anos de distimia condicionam uma maneira depressiva de viver.

Tomar antidepressivo não é igual a ser feliz.

Há muitos anos, quando os atuais e modernos antidepressivos chegaram ao Brasil, houve uma euforia a respeito deste tipo de medicação. Criou-se um mito da “pílula da felicidade”. Contudo, apesar de serem excelentes medicações e em muito auxiliar no tratamento de diversos transtornos mentais, elas têm suas limitações, e muito dos nossos sofrimentos psíquicos não são resolvidos apenas com um remédio.

Várias doenças psiquiátricas têm como causa alterações na transmissão sináptica, isto é, a forma como uma célula cerebral se comunica com outra. Esta comunicação se faz através de substâncias químicas, conhecidas como neurotransmissores. De todos os neurotransmissores existentes em nosso cérebro, os antidepressivos atuam principalmente em três: a noradrenalina, a serotonina e a dopamina. Existe o grupo de antidepressivos que agem somente na serotonina chamados Inibidores da Recaptação de Serotonina, os que agem em serotonina e noradrenalina, chamados de duais e os que agem em dopamina. Todos eles possuem eficácia comprovada e um não é melhor que o outro. A escolha de qual deles utilizar vai depender exclusivamente do tipo de transtorno que se vai tratar e características próprias de cada paciente. Apesar dos antidepressivos serem medicações seguras, bem estudadas e muito eficazes quando bem utilizadas, como toda medicação, possuem seus riscos e efeitos colaterais. Assim, acreditar que um remédio vai ser capaz de  eliminar todos os nossos sofrimentos, nos deixando eternamente felizes, é uma utopia.

Tratamento do TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo)

O tratamento do TOC apoia-se em duas abordagens terapêuticas: o tratamento medicamentoso e a Terapia Comportamental.

No que se refere ao tratamento medicamentoso, a primeira escolha são os antidepressivos inibidores da recaptação da serotonina (IRS). São os mesmos fármacos utilizados para tratar a depressão, porém para o TOC são necessárias doses mais altas e a melhora pode demorar até 3 meses para surgir. Infelizmente, somente 30 a 40% dos casos costuma responder à medicação, conforme foi demonstrado em diversos estudos.  Na maioria dos pacientes, a medicação traz uma melhora parcial e apenas 20% ficam inteiramente livres das manifestações da doença. Mesmo aderindo ao tratamento farmacológico, muitos pacientes são totalmente refratários, isto é, não obtém melhora alguma, e outros não toleram os efeitos adversos dos remédios.

O tempo de uso da medicação, uma vez obtida resposta terapêutica, varia de caso para caso, nunca com retirada antes de um ano. As recaídas após a interrupção costumam ser frequentes e, nestes casos, pode ser necessário o uso para toda vida.

A terapia comportamental (TC) é específica para o tratamento do TOC. Baseia-se na técnica chamada de “exposição e prevenção de resposta”. Este tipo de terapia vem sendo utilizada há mais de duas décadas no TOC e diversos estudos já demonstraram sua eficácia. Como o nome da técnica diz, dois procedimentos são os ingredientes essenciais na terapia comportamental: a exposição e a prevenção de resposta. A exposição consiste em expor o paciente a situações ou lugares que desencadeiam suas obsessões ou em ele tocar objetos que costuma evitar. Em seguida, ele deve se abster de realizar os rituais que aliviam o desconforto gerado pela obsessão. Através da terapia, o paciente é ensinado e auxiliado a resistir aos seus rituais. Em casos onde predominam as compulsões, a TC costuma ter resultados bastante promissores, muito acima da medicação.

Em função das limitações inerentes tanto na resposta à medicação como à terapia comportamental, a associação de ambas tem sido recomendada na maioria dos casos para o tratamento do TOC.

Carboidratos refinados podem desencadear dependência à comida.

Carboidratos refinados são aqueles alimentos que, quando ingeridos, desencadeiam um rápido aumento da glicose (açúcar) no sangue. Por esta característica são chamados alimentos de “alto índice glicêmico”. O aumento da glicemia desencadeado pelo consumo destes alimentos tem se tornado um aspecto bastante relevante quando se pensa em dieta. Investigadores do Hospital da Criança em Boston, Estados Unidos, descobriram que, em pessoas com sobrepeso, uma refeição rica em carboidratos de alto índice glicêmico, como batatas, massas, farinhas, por causarem um aumento rápido da glicemia (quantidade de açúcar no sangue), após 4 horas aumentavam mais ainda a fome. Além disto, estes alimentos estimulavam seletivamente regiões do cérebro que influenciavam o comportamento alimentar da próxima refeição fazendo com que os indivíduos comessem mais. Estes achados demonstram que, carboidratos refinados, independente das calorias ou sabor dos mesmos, podem provocar efeitos biológicos semelhantes à dependência. O aumento súbito da glicemia decorrente do consumo destes alimentos causa um efeito semelhante ao uso de uma droga, levando a uma necessidade de cada vez maior ingeri-los.

(Am J Clin Nutr. Publicado online em Junho de 2013).

Coisas para pensar quando se está de dieta.

Características de quem come demais:

  1. Confundir fome com vontade de comer.

Perder a noção da diferença entre vontade de comer e fome propriamente dita. Assim um exercício interessante é ficar um dia inteiro sem comer para realmente sentir o que é fome.

  1. Baixa tolerância à fome ou a vontade de comer

Neste exercício acima, a pessoa vai perceber o quanto consegue tolerar a sensação de fome e o quanto esta sensação a perturba. Alguns conseguem, mais facilmente, se distraírem a fim de não sofrer tanto com a fome; outros absolutamente não conseguem fazer nada, ficando irritados e mau humorados.

  1. Se enganar sobre o quanto come.

A noção de quanto a gente precisa para saciar a fome e o que comemos por gula é um exercício bastante difícil de ser realizado. Algumas características podem ser reavaliadas: o uso de pratos grandes, servir muito de uma vez só, repetir sem pensar, etc.

  1. Ter sentimentos muito ruins quando ganha peso.

Qualquer grama ou quilo adquirido gera uma enorme frustração e a ideia de que “nunca vai dar certo” é o estímulo para abandonar o esforço e comer o que quer.

  1. Comer porque todos estão comendo da mesma forma ou a mesma coisa.

Pequenas dicas para iniciar:

  1. Sempre sentar para comer.

Não comer rapidinho na frente da geladeira. Colocar o alimento sobre  a mesa e sentar-se à ela.

  1. Só comer.

O momento das refeições ou mesmos dos lanches devem ser desfrutados. Por isto prestar atenção naquele momento, sem se distrair com mais nada, como ler ou especialmente olhar TV.

  1. Tentar parar para sentir a comida no estômago.

Antes de repetir, dê uns minutos para prestar atenção às sensações corporais e de como sente seu estômago. Este pode ser o primeiro passo para evitar comer demais.

  1. Só comer depois de pensar o que vai comer ANTES.

Pensar e decidir o que vai comer antes de iniciar a comer. Quando se está com fome, come-se o que  o que tem pela frente, uma coisa depois da outra, sem critério nem ordem. Planejar o que vai comer, especialmente antes de sentir fome, é o ideal.

  1. Quando colocar a comida no prato, dê uns minutos e olhe o tamanho da porção tentando avaliar se aquela quantidade é muito grande ou adequada. Aos pouco pode-se ir diminuindo as porções e se acostumando a comer menos a cada etapa.

O que é TOC?

O Transtorno Obsessivo-Compulsivo, o TOC, é um transtorno mental que se apresenta de forma bastante variada envolvendo a presença de obsessões e compulsões. As obsessões são idéias, imagens ou impulsos indesejáveis que invadem de forma repetitiva a mente da pessoa. Mesmo não desejando ou percebendo que estas ideias são absurdas, ela não consegue deixar de tê-las. Em alguns casos a obsessão é camuflada e é percebida apenas como “uma sensação de que algo ruim pode acontecer”. As obsessões causam muita ansiedade e desconforto emocional. Já as compulsões aparecem como o resultado da necessidade que estas pessoas sentem de fazer algo para diminuir o desconforto e o sentimento de aversão causado pelas obsessões. As compulsões geralmente são atos repetitivos e estereotipados, realizados de forma intencional, porém sem que a pessoa tenha total controle sobre os mesmos. São reconhecidos como absurdos e interferem significantemente na vida profissional, social e familiar. Alguns exemplos mais comuns de TOC são aqueles relacionados com a limpeza e necessidade de ordem. É a pessoa que, por se sentir suja ou contaminada, tem a necessidade de lavar repetidamente as mãos, não toca em vários objetos, ou quando o faz é com um paninho para evitar o contato, toma banhos demorados, escova excessivamente os dentes e assim por diante. No caso da ordem, é a necessidade de ter tudo exatamente no lugar ou ter os objetos colocados de uma forma específica. Muito frequente também são as compulsões de verificação: olhar várias vezes se o gás de fogão está desligado, se a porta está fechada, refazer várias vezes a mesma coisa para ter certeza de que está bem feito.

Assim, a apresentação clínica do TOC pode variar muito entre as pessoas dependendo da combinação entre obsessões e compulsões. Vai desde a presença de somente obsessões até o predomínio das compulsões.

Dúvidas constantes, lentificação na realização das tarefas diárias, medos e evitações exageradas e o colecionismo podem, também, ser manifestações do transtorno obsessivo-compulsivo.

A prevalência do TOC é em torno de 2,5% da população. Entre crianças e adolescentes a prevalência estimada é de 0,4 a 1%. Este transtorno pode surgir de forma abrupta, após um evento desencadeante, ou insidiosamente, seguindo um curso crônico com evolução variável.  Alguns trabalhos apontam o início precoce como fator de mau prognóstico.

Acumuladores

Existe um transtorno mental no qual a pessoa não consegue colocar nada fora. São os acumuladores. Chamamos este transtorno de colecionismo, e é uma das formas pelo qual o Transtorno Obsessivo-Compulsivo se manifesta.  O indivíduo coleciona inúmeros objetos, alguns especificamente escolhidos e adquiridos. Contudo, com o passar do tempo, as coleções vão aumentando de tamanho a ponto de ficar difícil guardá-las. Associado a isto, existe uma dificuldade muito grande de se desfazer de coisas que não são mais úteis, como jornais e revistas velhos, potes vazios de alimentos, roupas que não servem mais ou fora de moda, sapatos, caixas, e assim por diante. Tudo pode “ser útil um dia” o que torna impossível se desfazer delas. Jogar  fora gera uma ansiedade muito grande. Assim, o número de objetos vai se avolumando e ocupando cada vez mais espaço. Depois de certo tempo, quando todos os armários já estão ocupados, os objetos são colocados em qualquer lugar, tirando espaço para circulação na casa ou convívio social. O acumulador se dá conta que é demais e evita convidar amigos para lhe visitar. Mesmo assim, a ansiedade e desconforto em colocar qualquer um dos objetos fora o impede de fazê-lo. Quando mais pessoas moram com ele, mais precocemente ele procura um tratamento, geralmente obrigado pelos outros. Quando mora sozinho, a doença pode evoluir por anos, chegando a um ponto no qual a vida se resume a disputar espaço com os objetos acumulados dentro de casa.

Para tratamento é necessário o uso de medicação associada à terapia. A terapia mais indicada, e com eficácia comprovada, é a Terapia Comportamental, onde o indivíduo é orientado a ir se desfazendo dos objetos de modo sistemático sem adquirir novos em seu lugar. Normalmente, com o auxílio de outra pessoa para realizar as tarefas combinadas na terapia, se obtém melhores resultados. Como as tarefas costumam gerar bastante desconforto na sua fase inicial é bastante comum o abandono do tratamento.

Hypericum perforatum (Erva de São João)

O Hypericum perforatum ou Erva de São João, como usualmente é chamada, é considerado um fitoterápico antidepressivo, isto é, uma planta que serve como medicamento. O ingrediente ativo, aquele responsável pelo efeito observado, é um extrato seco obtido das porções superiores da Erva-de-São-João, quando ela está no seu estágio inicial do período de floração. Alguns trabalhos na literatura comparando o uso do Hypericum perfuratum com antidepressivos normalmente utilizados para o tratamento da depressão, como a imipramina, maprotilina e amitriptilina,  mostram algumas evidências da sua eficácia. Contudo, a melhora só foi observada  no tratamento das depressões leves a moderadas (segundo CID-10: F32.0 e F32.1). Por fim, ainda são necessários mais trabalhos científicos que comprovem a eficácia e potenciais efeitos colaterais deste produto, comparando-o com os antidepressivos clássicos mais modernos.